Veículos que Prefeitura diz terem ‘sumido’ estão em São Paulo, Jataizinho, Porto Seguro e Araçatuba, indica cadastro do Denatran

Quinta, 01 Março 2018 12:10

A Prefeitura de Araçatuba divulgou na última semana a abertura de uma sindicância para investigar o sumiço, nos últimos anos, de ao menos seis viaturas oficiais da Secretaria de Saúde. A intenção da Corregedoria Municipal é descobrir quem foram os responsáveis pelo desaparecimento para que sejam punidos de acordo com os rigores da lei.

Em áudio distribuído pela assessoria de imprensa do município, o Corregedor-Geral, Jaime Gardenal Júnior, coronel aposentado da Polícia Militar – corporação que não tem por finalidade a investigação de crimes, mas sim a garantia da segurança pública e o combate de delitos –, fala que o objetivo da sindicância é verificar onde as viaturas estão e quem seria o responsável pelo sumiço.

O Política e Mais obteve em consulta ao Sinesp (Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisional e sobre Droga) – ligado ao Ministério da Justiça e que reúne dados cadastrais do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) –, informações de que quatro dos seis veículos que a Prefeitura procura estão espalhados por diferentes cidades do país e que dois se encontram em Araçatuba.

Os dados cadastrais do Denatran indicam que todos os veículos estão em situação legal, o que pode configurar, por parte da Prefeitura de Araçatuba, um desconhecimento nebuloso sobre a situação documental de seus veículos, Mais que isso, evidenciar falta de compromisso por parte de quem ocupou cargos com poder de fiscalização ou mesmo que receberam gratificações do município para manter pelo menos o controle operacional da frota que, na prática, pertence não apenas à administração municipal, mas sim a toda a uma população.

ÔNIBUS BATIDO

No áudio que foi distribuído à imprensa pela assessoria da Prefeitura, o corregedor-geral demonstra certo espanto com o desaparecimento de um micro-ônibus Marcopolo Volare, fabricado no ano de 2011, movido a diesel, e com placas EHE-8303.

O Política e Mais, na consulta que fez ao cadastro do Denatran, descobriu que o mesmo micro-ônibus se encontra em situação legal na cidade de São Paulo. De mesmo modo, uma Parati, ano 2004/2005, placas DBA-3561 estaria rodando em Jataizinho, no Paraná; e uma Kombi com placas
BPZ-4648 se se encontra em Porto Seguro, na Bahia.

Se aprofundando na busca por informações, o Política e Mais descobriu que o micro-ônibus que a Prefeitura dá como desaparecido se envolveu em um acidente na rodovia Assis Chateaubriand (SP-425), em 24 de setembro de 2014. Na ocasião, o motorista do veículo e mais seis passageiros que voltaram da cidade de Barretos, fiaram feridos após colisão frontal e traseira que envolveram automóvel e dois caminhões.

Informações obtidas pelo Política e Mais indicam que o referido micro-ônibus teria sido recolhido uma seguradora responsável pela cobertura de danos, uma vez que teria recebido classificação de “perda total”, e posteriormente vendido para empresas e pessoas especializadas na compra de veículos batidos, que são recuperados e revendidos. Estes comerciantes, normalmente, investem o que as seguradoras preferem não aplicar na correção dos estragos, por não obterem lucros com isso. O que eles acabam conseguindo com consertos e revenda dos mesmos.

Assim como ocorreu com o micro-ônibus, o Política e Mais obteve informações de que, a Kombi desaparecida para a Prefeitura, mas que, segundo o Denatran, está em Porto Seguro, foi roubada em 2004 em São Paulo, durante o transporte de pacientes para aquela cidade. Já a Parati, teria se envolvido em um acidente na região do bairro são Joaquim, em Araçatuba, e tido finalidade parecida com a do Marcopolo Volare que a corregedoria municipal quer saber onde foi parar.

O CASO DILMINHA

A Caravan fabricada em 1987, com placas JFO-7363, ficou conhecida entre funcionários das de Saúde e de Obras e Serviços pelo apelido “Dilminha”. Isso porque ela foi repassada ao município pelo governo federal, durante a gestão do prefeito Cido Sério (PT) e no primeiro mandato da então presidente Dilma Rousseff (PT).

O apelido Dilminha foi dado devido às condições da Caravan, que foi repassada ao município como ambulância. No entanto, por ter equipamentos defasados, problemas mecânicos e de documentação, ela pouco aturou no socorro de pacientes em Araçatuba.

Por não ter sua documentação transferida pela Prefeitura, para o Denatran ela aparece ainda com registro em Brasília. Porém, Dilminha chegou a rodar pelas ruas de Araçatuba de forma ilegal, fazendo uso das placas BPY-6207, de uma outra ambulância registrada em Araçatuba e fabricada em 1990, e que já não estava mais em uso pelo município.

O Política e Mais apurou, com fontes nas secretarias municipais, que Dilminha, antes de sumir, teve o motor fundido. A partir daí, seu paradeiro é um dos mistérios que a sindicância aberta pela Corregedoria-Geral terá que esclarecer.

DEMAIS VEÍCULOS

Entre os demais veículos desaparecidos, a Prefeitura já encontrou a Saveiro branca, ano 2004, com placas DBA-3552 encostada como sucata em um pátio da Sosp. Já o Mercedes Be3nz 313 SF Rontan, de 2004, com placas DBA-3592, consta para o Denatran como estando em Araçatuba.

 

fonte: Política e Mais 

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